quinta-feira, 13 de agosto de 2009

R.I.P. Les Paul


Esse senhor frágil, com uma guitarra na mão, que está na foto acima, foi responsável por uma das maiores revoluções da história da música. Lester William Polsfuss, nasceu no estado de Wisconsin, nos Estados Unidos, em 9 de junho de 1915. Aos treze anos já fazia apresentações ao vivo como guitarrista, sempre mesclando o honky tonk , jazz e blues, o que o ajudou a criar um estilo inconfundível. Em 1950, Les Paul, como ficou conhecido, começou a projetar aquela que seria a primeira guitarra de corpo sólido a ser fabricada pela Gibson. Durante dois anos, músico e empresa se esforçaram para criar um instrumento portátil, de timbre revolucionário e moderno, sem deixar de lado o visual elegante, característico da marca. Eis que, em 1952, o mundo conheceu a Gibson Les Paul. Seria impossível a guitarra não levar o nome de seu criador, tamanha a ligação entre artista e instrumento. Nessa quinta-feira, a Gibson fez um comunicado confirmando a morte de Les Paul em função de uma grave pneumonia. O legado do guitarrista vai além da música. Desde que lançou sua criação, 57 anos atrás, o músico viu gerações idolatrarem as Gibson Les Paul. Da marcação seca de Muddy Waters até os rugidos pesadíssimos de Zakk Wylde, não há guitarrista que ao menos não achei bonito o contorno das Les Paul, isso sem falar do timbre grave e único. Eu próprio trago tatuado em meu braço esquerdo a invenção de Les Paul, que para muitos pode não representar, mas que fez toda a diferença na música dos últimos 50 anos. A paixão pela guitarra fez Les Paul tocar até o fim da vida. Toda a semana, ele realizava uma apresentação em um bar de Nova Iorque. Les Paul tinha 94 anos.
Descanse em paz!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Woodstock 40 anos - Parte 8


As linhas que escrevi anteriormente fazem parte do BEABÁ do rock, nada de muita novidade. O que muitos não sabem vem a seguir: as curiosidades. Shows cancelados, convites negados e outros fatos que também fazem parte da história do Woodstock.

Curiosidades:

- Apesar do nome, o festival aconteceu na cidade de Ethel, cidade que fica cerca de 70 quilômetros distante de Woodstock.

- The Doors iriam tocar no festival, mas desistiram quando souberam que Woodstock seria em uma fazenda.

- Os integrantes do Iron Butterly ficaram presos em um aeroporto e não conseguiram chegar a tempo de tocar.

- O Led Zeppelin negou o convite para tocar no Woodstock. Segundo o empresário Peter Grant, o Led seria apenas mais uma banda a pisar no palco, e isso não seria interessante.

- A organização chegou a ligar para John Lennon pedindo para que os Beatles tocassem no Woodstock, mas John exigiu que a banda de Yoko Ono também pudesse se apresentar, o que não foi aceito.

Woodstock 40 anos - Parte 7

17 de agosto, último dia de Woodstock e ainda havia muita coisa por acontecer. Logo no início daquela tarde de domingo o público assistiria a uma das mais belas interpretações da história do rock. Joe Cocker, ainda em início de carreira, encerrou sua apresentação com uma canção dos Beatles completamente modificada: With a Little Help From My Friends. Originalmente cantada por Ringo, a música aqui aparece na voz rouca de Cocker, que chega a se contorcer durante a execução.



Após o show de Joe Cocker, o então céu azul deu lugar a uma tempestade que fez as apresentações musicais serem suspensas por algumas horas. Foi aí que começou o show dos protagonistas do evento. Em meio a lama, a fazenda se tornou um palco para que aqueles 500 mil hippies pudessem se divertir, como se todo aquele cenário fosse uma nação do amor livre, da paz e da cumplicidade entre iguais. Crianças corriam nuas pelos campos em belíssimas cenas. O som das guitarras deu lugar ao coro que pedia "no rain, no rain". São Pedro não teria como negar aquele pedido e ao fim da tarde, a chuva parou e os shows recomeçaram. Na sequência do festival, apresentações dignas de nota, como The Band e Ten Years After. No entanto, o público foi ao delírio com o primeiro show de um quarteto: Crosby, Stills, Nash & Young era ídolos daquela geração, mas nunca haviam tocado os quatro juntos. Bastaram os primeiros acordes e estava formado um dos grupos mais queridos da história do rock.




Para o grand finale do Woodstock, os organzadores escalaram Jimi Hendrix, ídolo máximo e porta-voz daquela geração. O que não estava previsto era o temporal e o atraso de quase nove horas na programação de shows. Hendrix começou seu show às 9 da manhã já da segunda-feira, dia 18. Apenas 35 mil pessoas restavam na fazenda, mas mesmo assim, Jimi protagonizou o momento mais simbólico do festival: a execução do hino dos EUA. Em meio à melodia, o guitarrista extraia sons que simulavam bombas de sua Fender Stratocaster, em uma verdadeira manifestação de repúdio a Guerra do Vietnã. Há quem diga que esse solo abriu as portas para muitas pessoas realizarem seus sonhos, inclusive os de Barack Obama, primeiro negro a se tornar presidente da nação mais poderosa do planeta.

Woodstock 40 anos - Parte 6

Continuando com os destaques das apresentações do Woodstock, chegamos ao segundo dia. O palco foi habitado por ídolos máximos daquela geração como Janis Joplin e The Who e por grupos menos aclamados, como o Quill. Country Joe McDonald fez o público cantar um hino anti-guerra do Vietnã. Por ironia, um dos shows que roubou a cena foi o de um jovem guitarrista mexicano, até então desconhecido, chamado Carlos Santana. A interpretação de Soul Sacrifice é um dos momentos eternos da guitarra elétrica.




Como não se emocionar com o sofrimento da voz de Janis Joplin? A cantora texana só aceitou cantar na condição de que o público estivesse bem acomodado, sem passar dificuldades.



Assim como Janis, o The Who ganhou fama mundial após a apresentação bombástica em Monterrey, dois anos antes. No Woodstock, a banda fez uma apresentação história, tocando a ópera-rock Tommy. Ao fim do show, o guitarrista Pete Townshend atirou sua Gibson SG para a plateia. De tantos hinos, See Me, Feel Me foi um destaque.

Woodstock 40 anos - Parte 5

Muitos dos artistas que tocaram no festival não autorizaram a gravação e o uso de seus shows no filme e nos discos lançados com a marca Woodstock. Portanto muita coisa se perdeu e ficará apenas nas retinas de quem assistiu ao vivo (embora eu duvide que o pessoal lembre de muita coisa). Vou listar abaixo alguns momentos que julgo marcantes. Claro que essa é uma análise do filme Woodstock, que já assisti inúmeras vezes.

No primeiro dia, duas apresentações foram marcantes: a de Richie Havens, que abriu o festival e a de Joan Baez, que cantou grávida e encerrou a noite. É impossível não se arrepiar com a honestidade de Havens tocando e clamando por liberdade.




Joan Baez foi um ícone do movimento folk nos Estados Unidos. Sua voz aguda é única e reconhecível a quilômetros de distância. Durante o Woodstock, a cantora esperava um filho enquanto seu marido estava preso. Inesquecível!!!

Woodstock 40 anos - Parte 4

Assim como todo o planejamento de Woodstock, os shows também foram sendo confirmados quase na mesma época do festival. Ao todo, 32 nomes do cenário rock, blues e folk foram escalados para os três dias de apresentações. Abaixo a lista de shows por ordem:

Dia 15/08/1969

- Richie Havens
- Sweetwater
- The Incredible String Band
- Bert Sommer
- Tim Hardin
- Ravi Shankar
- Melanie
- Arlo Guthrie
- Joan Baez


Dia 16/08/1969

- Quill
- Keef Hartley Band
- Country Joe McDonald
- John Sebastian
- Santana
- Canned Heat
- Mountain
- Gratefull Dead
- Creedence Clearwater Revival
- Janis Joplin
- Sly & The Family Stone
- The Who
- Jefferson Airplane



Dia 17/08/1969

- Joe Cocker
- Country Joe and the Fish
- Ten Years After
- The Band
- Blood, Sweat & Tears
- Johnny Winter
- Crosby, Stills, Nash & Young
- Paul Butterfield Blues Band
- Sha-Na-Na
- Jimi Hendrix

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Woodstock 40 anos - Parte 3


A organização do Woodstock concentrou suas atenções para a parte artística do evento, deixando em segundo plano questões sanitárias, de alimentação e infra-estrutura. Os ingressos foram colocados a venda por 18 dólares e, desde o início, a procura foi intensa. Ao todo, 180 mil bilhetes foram comercializados, o que já seria um problemão de administrar. No entanto, dias antes do festival, caravanas de hippies já atravessavam os Estados Unidos rumo ao Woodstock em busca de paz, amor e música. A previsão era que 300 mil pessoas estariam no festival. Nos dias que antecederam os shows, a cidade se tornou um caos, com dezenas de milhares de pessoas montando acampamentos por todos os lugares. Os mercados não tinham comida o suficiente para aquele povo todo. E para completar, a metereologia apontava tempestades para a região.
No dia 15 de agosto, a estimativa de público havia sido superada, já que 500 mil pessoas foram até a fazenda. As cercas foram rompidas e todos tiveram acesso ao festival.
Mas esse caos completo foi apenas um ingrediente do que estava por vir: shows inesquecíveis.

Woodstock 40 anos - Parte 2


É bom deixar claro que o Woodstock não foi o primeiro festival de música dos anos 60. Em 1967, o Festival de Monterrey revelou três nomes que seriam ícones a partir de então: Jimi Hendrix, Janis Joplin e The Who. Então o que fez de Woodstock tão relevante? Eu nasci 15 anos depois e não sei descrever através de vivência qual o contexto naquele agosto de 1969, mas as leituras e filmes nos permitem ao menos saber o que acontecia.
Desde a concepção, ficou claro que Woodstock entraria para a história, em primeiro lugar pela falta de organização. John P. Roberts e Joel Rosenman publicaram anúncios em jornais oferecendo recursos ilimitados para jovens dispostos a fazerem investimentos "legítimos e interessantes". Michael Lang e Artie Kornfeld responderam e propuseram a criação de um estúdio de gravação e divulgação de manifestações artísticas. Daí até a ideia de organizar um festival de música foi um pulinho.
Os quatro jovens decidiram alugar uma parte da fazenda de um senhor chamado Max Yasgur entre os dias 15 e 18 de agosto de 1969, em Bethel, interior de Nova York. Aí começou o princípio de caos, já que os organizadores tinham o espaço e boas ideias, porém, nenhuma experiência com eventos, ainda mais com o desafio que haviam estipulado: fazer com que os principais nomes do cenário rock da época subissem ao palco.

Woodstock 40 anos - Parte 1


Agosto de 1969. Ditadura militar no Brasil, brigas estudantis e feministas faziam da mundo uma bomba relógio. Alheia a tudo isso, a geração hippie promoveu aquele que foi o maior e mais importante festival de música da história: Woodstock. Durante três dias, 500 mil pessoas celebraram a paz, o amor livre, a arte e a música. Passados 40 anos daquele marco da história mundial, o Baú vai se abrir para fazer uma homenagem ao Woodstock, contando fatos, e tentando mostrar o quanto daquilo que foi dito se confirmou e qual o legado daquela geração nos dias atuais.

Boa leitura!

Bolicho aberto novamente!

Cá no sul do Brasil, chamamos de bolicho estabelecimentos modestos, pequenos comércios, onde é possível achar desde palha para fumo até sandálias de borracha. O Baú do Zanini foi criado em 2007 para falar de música, cinema, futebol e coisas que fazem os dias desse que vos escreve lugares menos doloridos. Enfim, um pequeno bolicho virtual. A pauleira cotidiana me fez deixar de lado as postagens e fez com que o conteúdo ficasse sem foco e, por consequência, sem atrativos para o leitor. Navegar pela internet é preciso, mas, por vezes, é uma tarefa enfadonha. O que me afasta da leitura de alguns blogs é a complexidade do conteúdo. Escrever difícil para impressionar é bom para o ego de quem o faz, apenas para o ego de quem o faz. Pelo menos é o que penso. Portanto, meus posts vão ser breves (tentarei), para que a sua passagem pelo Baú seja de bom proveito.

BEMVINDOSWELCOMEBIENVENIDOS!!!!