quarta-feira, 21 de maio de 2008

A resposta? Está soprando...com o vento...


Sexta-feira, 36º no termômetro da praça de São Borja, cidade que faz fronteira entre Brasil e Argentina. Cinco da tarde do dia 14 de março de 2008. Exatamente nessa hora encerrei meus afazeres da semana. Ao entrar no escritório em que eu trabalhava na época, entrei no MSN, apenas para falar com alguém da minha família, namorada ou algum amigo perdido. Eis que pisca uma janelinha. Era um camarada meu que passava férias em Buenos Aires. O cidadão me convocou para o evento do ano na capital portenha. Show do Bob Dylan. O convite foi algo do tipo: "estou indo comprar os ingressos. Tu vens?". Enfim, não havia como recusar. Fui em casa, recolhi duas mudas de roupa, coloquei em uma mochila, peguei uns trocados e embarquei num ônibus rumo a Buenos Aires.
Chegando lá no dia seguinte, nada como um passeio pelas praças cheias de vagabundos. O clima inspirava e parecia prenúncio de uma noite inesquecível. De tarde, rumamos de metrô, taxi e ônibus em direção ao estádio do Vélez Sarsfield, local do show. A apresentação do velho menestrel era às nove da noite. Meia horas antes, conseguimos entrar no estádio. Ficamos eufóricos, eu, meu amigo Eduardo, além de dois amigos que fizemos no hotel, um uruguaio fanático pelo Peñarol e um argentino tão gente fina que parecia ser falsificado.
As luzes apagam, a platéia se empolga e Dylan sobe ao palco. Monossilábico, como sempre, ele ataca a guitarra. "Rainy day woman" abriu o show. Os olhos lacrimejaram com o coro da platéia, que, aos berros dizia: "everybody must to get stoned". Algumas lindas canções do disco Modern Times foram apresentadas em um volume bem baixo, mostrando a encantadora fragilidade da voz de Dylan. Uma banda muito competente o acompanhou, com destaque para o baixista Tony Garnier, que já transcendeu o limite de músico de apoio, sendo um parceiro de longa data do velho Bob. Clássicos vieram aos borbotões. "Masters of War", "Just Like a Woman"..."Like a Rolling Stone". A cada introdução, cada letra mudada, cada melodia improvisada fazia eu lembrar da minha história com o artista que eletrificou a poesia. Lembrei da primeira fita cassete com canções de Bob, que escutei até o cabeçote do meu som pifar. Lembrei de um disco de vinil que afanei do acervo de uma rádio e guardo até hoje como um troféu. Para encerrar o show, Dylan trajando um chapéu de vaqueiro sulista se posicionou em frente ao teclado, sacou três acordes e tocou "Blowin' in the wind". A ausência da canção nas apresentações no Brasil causou polêmica até com figurões da política. A presença da canção no repertório argentino soôu como uma canção de ninar.

3 comentários:

C R !!!!! S disse...

já te favoritei.. agora eh a sua vez.
hehehehe
garoto xxxxxxxperrrrrrrrrto!!!
bjo

Márcio Grings disse...

bâi!!!! dylan .... dylan ... dylan ... o resto é conversa fiada.gostei daquela do lp afanado de uma rádio... acho que conheço essa história. boa.

Temperos e Desesperos disse...

"...e um argentino tão gente fina que parecia ser falsificado."
Ótimo! hahahaha

O blog... superando expectativas... ou não, em se tratando de Guilherme Zanini...

Bjos