
Despretensioso. Talvez esse seja o melhor adjetivo para qualificar Tom Petty. Ao longo de mais de três décadas, o cantor e compositor nunca tentou duelar com Dylan e Young, duas referências obrigatórias para quem vai ao microfone com violão em punho e gaita pendurada no pescoço. Surgido nos Estados Unidos, na metade dos anos 70, também evitou roubar os holofotes de seu (teoricamente) rival imediato: Bruce Springsteen. Mesmo assim, sem maiores pretensões, Tom Petty, acompanhado de sua banda, os Heartbreakers, empilhou canções nas paradas de sucesso dos norte-americanos. A identificação com a música ianque e a devoção a Dylan podem ter sido prejudiciais para o artista em termos de projeção mundial. De qualquer maneira, a canção Free Fallin’ ainda é um hino e presença obrigatória em qualquer coletânea 80-90’s. Há alguns anos parado, Tom Petty voltou, mesmo que de maneira tímida, às lojas de discos. Em 2005, participou da trilha sonora de “Tudo Acontece em Elizabeth Town”, do diretor Cameron Crowe, um admirador confesso do compositor. Em 2006, Petty lançou “Highway Companion”. Disponível em catálogo nacional, o disco traz um apanhado de doze belas canções, todas na linha songwriter, de um senhor beirando os sessenta anos de idade. Destaque para a bucólica Square One, que já havia sido a melhor faixa na trilha de Elizabeth Town. Indicado para domingos ensolarados e passeios estradeiros, “Highway Companion” é mais um capítulo na vida desse artista que tem o carinho de muitos, porém, o fanatismo de poucos. Afinal, isso seria muita pretensão.